Olá, prezados leitores do Blog do Agrônomo Alcimar!
Dando continuidade à nossa série sobre plantas daninhas, hoje vamos explorar outra espécie do gênero Blainvillea que merece nossa atenção: a Blainvillea latifolia. Embora compartilhe semelhanças com sua parente B. biaristata, conhecer suas particularidades é essencial para um manejo eficiente e para proteger a produtividade de nossas lavouras.
Ficha Completa da Planta Daninha: Blainvillea latifolia
Dados Gerais
- Nome Científico: Blainvillea latifolia (L.f.) DC.
- Nome(s) Vulgar(es): Erva-palavão, Picão-largo, Botão-de-ouro (nome também usado para outras plantas), Falsa-serralha-de-folha-larga.
- Regiões de Ocorrência da Planta Daninha:
- Norte
- Nordeste
- Centro-Oeste
- Sudeste (Nota: É uma planta daninha comum em regiões tropicais e subtropicais, incluindo vastas áreas do Brasil, especialmente em locais com boa umidade e temperaturas elevadas.)
Sobre a Praga
- Autor da Descrição: O nome original foi dado por Carl Linnaeus the Younger (L.f.), e a combinação atual por Augustin Pyramus de Candolle (DC.).
- Família: Asteraceae (Compositae) – a mesma família da Falsa Serralha e do Girassol.
Características da Planta
- Divisão/Classe: Magnoliophyta (Angiospermae) / Magnoliopsida (Dicotyledoneae)
- Ciclo: Anual. Germina, cresce, floresce e produz sementes dentro de um período de um ano, sendo favorecida por estações quentes e úmidas.
- Reprod./Propagação: Principalmente por sementes (aquênios). As sementes são relativamente pequenas e podem ser dispersas pelo vento, água, animais e implementos agrícolas. A alta produção de sementes contribui para sua rápida disseminação.
- Habitat/Tipologia: Infestante comum em áreas agrícolas cultivadas (lavouras anuais e perenes), pastagens, pomares, cafezais, jardins, terrenos baldios, beiras de estradas e áreas perturbadas. Prefere solos férteis e bem drenados, mas pode tolerar uma gama de condições.
- Adaptações: Crescimento rápido, alta produção de sementes que podem apresentar certa dormência, garantindo a persistência no banco de sementes do solo. Compete eficientemente por luz, água e nutrientes com as culturas.
- Altura(cm): Geralmente entre 40 a 100 cm, mas pode alcançar até 150 cm (1,5 metros) em condições ideais de crescimento e baixa competição. Apresenta porte ereto e ramificado.
Características das Folhas
- Filotaxia: Opostas na base e geralmente alternas na parte superior da planta, especialmente próximo às inflorescências.
- Forma do Limbo: Ovadas a ovado-lanceoladas ou deltoides (triangulares), com base frequentemente truncada ou cordada e ápice agudo. As margens são irregularmente serreadas ou denteadas. São visivelmente mais largas que as de B. biaristata, justificando o epíteto "latifolia" (folha larga).
- Superfície: Áspera ao toque (escabrosa), com presença de pelos curtos e rígidos (híspido-pubescente) em ambas as faces. Coloração verde-escura.
- Consistência: Herbácea.
- Nervação/Venação: Geralmente trinérvea ou palminérvea na base, com 3 a 5 nervuras principais partindo da base e ramificando-se. As nervuras são bem marcadas.
- Comprimento: Podem variar de 5 a 15 cm de comprimento e 3 a 10 cm de largura, sendo geralmente pecioladas (com pecíolo).
Características das Flores
- Inflorescência: Capítulos florais, semelhantes aos de B. biaristata, porém podem ser um pouco maiores. Os capítulos são solitários ou agrupados em cimeiras terminais ou axilares. Cada capítulo contém flores do raio (liguladas), geralmente brancas ou creme, que são femininas, e flores do disco (tubulosas), amarelas, que são hermafroditas.
- Perianto: O cálice é modificado em um papus, que no caso de B. latifolia geralmente consiste em poucas (2-3) aristas curtas e rígidas, às vezes acompanhadas por algumas escamas menores. A corola das flores liguladas é branca a creme, e a das flores tubulosas é amarela.
Características do Fruto
- Tipologia do Fruto: Aquênio. Fruto seco, indeiscente, geralmente de formato obovado a cuneiforme, comprimido dorsiventralmente, de cor escura (marrom a preto) quando maduro. Apresenta o papus persistente com as aristas, que auxiliam na dispersão.
Observações:
Blainvillea latifolia é uma competidora agressiva em diversas culturas, especialmente durante os estágios iniciais de desenvolvimento da lavoura. Sua capacidade de produzir um grande número de sementes e seu ciclo de vida anual exigem atenção constante para evitar a formação de um banco de sementes robusto no solo. A identificação correta, distinguindo-a de outras espécies de Asteraceae, é crucial para a escolha das estratégias de manejo mais adequadas. Assim como B. biaristata, a presença de pelos pode influenciar a eficácia de herbicidas de contato.
Bibliografia:
- Lorenzi, H. Manual de Identificação e Controle de Plantas Daninhas: Plantio Direto e Convencional.
6ª ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008. - Kissmann, K.G.; Groth, D. Plantas Infestantes e Nocivas. Tomo II. 2ª ed. São Paulo: BASF, 1992.
Culturas Afetadas:
Esta planta daninha é um problema em uma ampla gama de culturas anuais e perenes, incluindo:
- Soja
- Milho
- Algodão
- Cana-de-açúcar
- Feijão
- Mandioca
- Café
- Citros
- Hortaliças
- Pastagens
A competição por recursos pode levar a perdas significativas de produtividade se a infestação não for controlada.
Fotos
Métodos de Controle:
O manejo integrado é a abordagem mais recomendada para o controle de Blainvillea latifolia:
- Controle Preventivo: Essencial para evitar a introdução e disseminação. Inclui o uso de sementes de culturas livres de contaminantes, limpeza rigorosa de máquinas e implementos agrícolas, e o controle de plantas daninhas em áreas adjacentes.
- Controle Cultural: Práticas como rotação de culturas (especialmente com espécies que cobrem bem o solo), plantio na época correta, espaçamento adequado da cultura principal, e o uso de cobertura morta ou plantas de cobertura podem suprimir o desenvolvimento da B. latifolia.
- Controle Mecânico: Capinas manuais ou mecânicas (cultivadores, enxadas rotativas) são eficazes, principalmente quando a planta ainda é jovem e antes da produção de sementes. Roçadas podem ser úteis em pastagens e áreas não cultivadas.
- Controle Químico: O uso de herbicidas (pré-emergentes ou pós-emergentes) pode ser necessário. A escolha do produto deve ser baseada na cultura, no estádio de desenvolvimento da planta daninha, na seletividade, e nas condições ambientais. É fundamental seguir as recomendações de um Engenheiro Agrônomo e as instruções da bula.
Produtos Indicados:
(A lista abaixo inclui exemplos de ingredientes ativos que podem ser eficazes contra Blainvillea latifolia. A escolha específica do produto comercial, doses e momento de aplicação devem ser definidos por um Engenheiro Agrônomo, respeitando a legislação e as recomendações da bula do produto para a cultura em questão.)
A Blainvillea latifolia é, sem dúvida, uma adversária que exige conhecimento e estratégia. Esperamos que esta ficha detalhada contribua para um melhor entendimento e manejo desta planta em suas áreas.
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ALCIMAR VIANA NASCIMENTO