Conhecendo a Erva palha: Uma Invasora em Nossas Lavouras

Olá, amigos do Blog do Agrônomo Alcimar!

Hoje, nosso foco se volta para uma planta daninha que pode gerar dores de cabeça em diversas culturas: a Blainvillea biaristata, popularmente conhecida como Erva palha. Compreender suas características e seu comportamento é crucial para um manejo eficaz. Vamos mergulhar nos detalhes desta invasora!



Ficha Completa da Planta Daninha: Blainvillea biaristata

Dados Gerais

  • Nome Científico: Blainvillea biaristata DC.
  • Nome(s) Vulgar(es): Picão-branco, Erva palha, picão, picão grande. Erva-lanceta.
  • Regiões de Ocorrência da Planta Daninha:
    • Sul
    • Sudeste
    • Nordeste
    • Centro-Oeste
    • Norte (Nota: Amplamente distribuída em todo o Brasil, com maior incidência em áreas com temperaturas elevadas e alta umidade.)

Sobre a Praga

  • Autor da Descrição: Augustin Pyramus de Candolle (DC.)
  • Família: Asteraceae (Compositae)

Características da Planta

  • Divisão/Classe: Magnoliophyta (Angiospermae) / Magnoliopsida (Dicotyledoneae)
  • Ciclo: Anual. Completa seu ciclo de vida em um ano ou menos, germinando, crescendo, florescendo, frutificando e morrendo. Em algumas condições, pode apresentar comportamento bianual.
  • Reprod./Propagação: Principalmente por sementes, produzidas em grande quantidade e facilmente dispersadas pelo vento, água, animais e atividades humanas (implementos agrícolas, trânsito de veículos).
  • Habitat/Tipologia: Ocorre preferencialmente em áreas cultivadas, pastagens degradadas, beiras de estradas, terrenos baldios, jardins e áreas perturbadas. Adapta-se a diferentes tipos de solo, desde arenosos até argilosos, com preferência por solos férteis e úmidos. É comum em áreas de cultivo intensivo e com manejo inadequado do solo.
  • Adaptações: Rápido crescimento e desenvolvimento, alta capacidade de produção de sementes, sistema radicular pivotante que permite boa absorção de água e nutrientes, plasticidade fenotípica (capacidade de se adaptar a diferentes condições ambientais). Suas sementes podem apresentar dormência, garantindo a perpetuação da espécie no banco de sementes do solo.
  • Altura(cm): Varia de 30 a 120 cm, podendo atingir alturas maiores em condições ótimas de crescimento e baixa competição. Apresenta porte herbáceo a subarbustivo.

Características das Folhas

  • Filotaxia: Oposta. As folhas surgem aos pares, em nós opostos ao longo do caule.
  • Forma do Limbo: Lanceolada a ovado-lanceolada, com margens serrilhadas ou denteadas (daí o nome "Serralha"). O ápice é agudo e a base pode ser atenuada ou arredondada.
  • Superfície: Pubescente (coberta por pelos curtos e finos), áspera ao toque. A coloração varia de verde-claro a verde-escuro.
  • Consistência: Herbácea.
  • Nervação/Venação: Trinérvea, com três nervuras principais saindo da base da folha e ramificando-se. As nervuras são bem visíveis na face inferior.
  • Comprimento: Varia de 5 a 15 cm de comprimento por 2 a 6 cm de largura, dependendo das condições de crescimento e da posição na planta.

Características das Flores

  • Inflorescência: Capítulos (tipo de inflorescência característica da família Asteraceae) solitários ou dispostos em cimeiras dicotômicas (com dois ramos se desenvolvendo a partir de um ponto). Os capítulos são pequenos e apresentam flores liguladas brancas (femininas e periféricas) e flores tubulosas amarelas (hermafroditas e centrais).
  • Perianto: O cálice é modificado em um papus formado por duas aristas (estruturas semelhantes a cerdas ou agulhas) persistentes no fruto, que auxiliam na sua dispersão. A corola das flores liguladas é branca e a das flores tubulosas é amarela.

Características do Fruto

  • Tipologia do Fruto: Aquênio. É um fruto seco, indeiscente, pequeno e de coloração escura (marrom a preto) na maturidade. Possui o papus persistente com as duas aristas, facilitando a sua aderência a pelos de animais e roupas, além da dispersão pelo vento.

Observações:

A Blainvillea biaristata é uma planta invasora que compete por recursos essenciais (água, luz, nutrientes) com as culturas, podendo reduzir significativamente a produtividade. Sua rápida disseminação e alta capacidade de produção de sementes a tornam uma planta de difícil controle. A presença de pelos na planta pode dificultar a aderência de alguns herbicidas. É importante realizar o monitoramento constante das áreas cultivadas para identificar infestações iniciais e adotar medidas de controle preventivas e curativas. Em algumas regiões, pode ser confundida com outras espécies da família Asteraceae, sendo a observação das aristas no papus do fruto um caráter distintivo importante.

Bibliografia:

  • Kissmann, K. G.; Victoria Filho, R. Plantas Infestantes e Nocivas. 2ª ed. São Paulo: BASF Brasileira S.A., 1991.
  • Lorenzi, H. Manual de Identificação e Controle de Plantas Daninhas: Plantas Infestantes de Culturas no Brasil. 7ª ed. Instituto Plantarum, 2014.
  • The Plant List. Blainvillea biaristata DC. Disponível em: http://www.theplantlist.org/tpl1.1/record/gcc-113387. Acesso em: 21 de maio de 2025.
  • Outras fontes regionais e artigos científicos sobre plantas daninhas.

Culturas Afetadas:

A Blainvillea biaristata pode infestar diversas culturas, incluindo:

  • Soja
  • Milho
  • Algodão
  • Feijão
  • Cana-de-açúcar
  • Hortaliças em geral
  • Café
  • Citros
  • Pastagens

Sua presença pode causar perdas significativas de rendimento devido à competição por recursos e, em casos de alta infestação, dificultar a colheita.

Métodos de Controle:

O manejo da Falsa Serralha deve ser integrado, combinando diferentes estratégias:

  • Prevenção: Utilizar sementes certificadas, realizar a limpeza de máquinas e implementos agrícolas para evitar a disseminação de sementes entre áreas, controlar plantas daninhas em bordas de talhões e áreas não cultivadas.
  • Controle Cultural: Rotação de culturas, adubação equilibrada para favorecer o desenvolvimento da cultura principal, espaçamento adequado entre plantas para reduzir a competição, uso de plantas de cobertura para suprimir a germinação e o crescimento da planta daninha.
  • Controle Mecânico: Capina manual ou mecânica, roçagem e aração/gradagem do solo podem ser eficazes, especialmente em infestações iniciais ou em pequenas áreas. É importante realizar o controle antes da produção de sementes.
  • Controle Químico: A aplicação de herbicidas seletivos e não seletivos pode ser necessária em infestações mais severas. A escolha do herbicida deve considerar a cultura, o estádio de desenvolvimento da planta daninha e as recomendações de bula.

Fotos:



Produtos Indicados:

(Apresentamos aqui alguns exemplos de ingredientes ativos comumente utilizados no controle de dicotiledôneas como a Blainvillea biaristata. A escolha do produto comercial específico e a dosagem devem sempre seguir a orientação de um Engenheiro Agrônomo e as recomendações presentes na bula do produto, considerando a cultura e a legislação vigente.)

Ingrediente Ativo (Grupo Químico)Mecanismo de AçãoCulturas (Exemplos)Formulação
Glifosato (Glicina)Inibidor da EPSPs sintasePós-emergência (não seletivo)SL - Concentrado Solúvel
2,4-D (Ácido Fenoxiacético)Mimetizador de auxinaPós-emergência (seletivo)SL, EC, WG, etc.
Dicamba (Ácido Benzoico)Mimetizador de auxinaPós-emergência (seletivo)SL, WG, etc.
Clomazone (Isoxazolidinona)Inibidor da DOXP redutase (pré e pós-emergência)Soja, Algodão, Cana-de-açúcarCS - Suspensão de Cápsulas
Flumioxazin (N-fenilftalimida)Inibidor da PROTOX (pré e pós-emergência)Soja, FeijãoWG - Grânulos Dispersíveis
Sulfentrazona (Triazolinona)Inibidor da PROTOX (pré e pós-emergência)Soja, Cana-de-açúcarSC - Suspensão Concentrada

Lembre-se sempre: Consulte um Engenheiro Agrônomo para obter recomendações específicas para a sua situação. O uso inadequado de herbicidas pode causar danos à cultura, ao meio ambiente e à saúde humana, além de favorecer o desenvolvimento de resistência de plantas daninhas.



Esperamos que esta análise detalhada da Blainvillea biaristata seja valiosa para o manejo em suas lavouras. Ficar atento às plantas daninhas e conhecer suas características é um passo fundamental para uma agricultura eficiente e sustentável.

Até a próxima postagem no Blog do Agrônomo Alcimar!

Agrônomo Alcimar

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