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Nomes populares
Macela,
camomila-nacional, carrapichinho-de-agulha, chá-de-lagoa, losna-do-mato,
macela-amarela, macela-da-terra, macela-do-sertão, macelinha,
macelinha-do-campo, marcela, marcela-do-campo, marcelinha, paina
Nome científico
Achyrocline satureioides (Lam.) DC.
Basionônio
Sinônimos
Gnaphalium satureioides Lam.
Gnaphalium candicans Kunth.
Família
Asteraceae
Tipo
Nativa,
não endêmica do Brasil.
Descrição
Erva 0,5–1 m alt.; ramos cilíndricos,
costados, lanosos. Folhas simples, alternas, sésseis, limbo 10–70 ×
2–7 mm, linearlanceolado; ápice acuminado, margens inteiras, base
truncada; face adaxial tomentosa, face abaxial canescente. Capítulos
disciformes sésseis, em corimbos densos; invólucro cilíndrico, 5–6 mm compr.,
1–2 mm diâm.; brácteas involucrais hialinas, 3-seriadas, 2,5–5 ×
0,7–1 mm, ovadas a lanceoladas, glandulosas, séries externas com
ápice agudo, margens inteiras, base lanosa; receptáculo plano, foveolado,
glabro. Flores marginais &s, creme, corola
filiforme, tubo 4,5 mm
compr., 0,1 mm
diâm., internamente glabro, 5-dentada; ramos do estilete cilíndricos, ápice
truncado, glabro. Cipsela elipsóide, 1 mm compr., 0,5 mm diâm., glabra;
papilho 5 mm.
Flores centrais monóclinas, creme, corola tubulosa, tubo 3,5 mm compr., 0,6 mm diâm., internamente
glabro, lobos 0,5 × 0,1 mm,
glandulosos; anteras com apêndice do conectivo lanceolado, base calcarada;
ramos do estilete cilíndricos, truncados, penicelados, sem pilosidade abaixo do
ponto de bifurcação. Cipsela cilíndrica, 4–5-costada, 1 mm compr., 0,4 mm diâm.; papilho
1-seriado, cerdoso, caduco, 5
mm (HATTORI, 2009, p. 11).
Característica
Difere de Achyrocline vauthieriana por não possuir
ramos alados. Também é reconhecida pelo hábito ramificado, ramos
cilíndricos e sem alas e invólucro cilíndrico. A espécie mais semelhante é Achyrocline
alata DC., porém se diferencia de A.
satureioides pela presença de alas nos ramos.
Floração / frutificação
Floresce
no verão e outono, frutificando no mesmo período.
Dispersão
Anemocórica
Hábitat
Espécie
heliófita, ruderal, cresce espontaneamente em pastagens, terrenos baldios e
capoeiras. Desenvolve-se em solo arenoso, argiloso, pedregoso e até em áreas
semi-halófitas próximas ao mar. Porém, desenvolve-se melhor em solos férteis e
com bom teor de umidade, Ocorre no Cerrado, Mata Atlântica e Pampa.
Distribuição geográfica
É
nativa da América do Sul, ocorrendo na Argentina e Uruguai. No Brasil, ocorre
no Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo, Rio de
Janeiro), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul) (LOEUILLE,
2010).
Etimologia
Propriedades
Fitoquímica
Óleo
essencial, cariofileno, óxido de cariofileno, d-cadineno, cariatina,
germacreno-D, a-pineno, terpenóides, cumarinas, esteróides . A flor e a parte
aérea contém flavonóides: isonafaliina, quercitina, galangina-3-metiléter,
ácidos polifenóicos, sesquiterpenos e derivados, fenilpirona monoterpenos,
quercitina, luteolina, galangina, ésteres de colerianina e isognaftalina.
Também galangina, quercetagetina,
tamarixetina, tamarixetina 7-glucosídeo,
quercetina 3,7-dimetileter, isognafaliina, quercitina-3-metiléter
7-diglicosídeo, alnustina, 5,7,8-trimetoxiflavona,
7-hidroxi-3,5,8-trimetoxiflavona, 3,5,7,8-tetrametoxiflavona e kawapirona. Ácidos polifenólicos e ésteres:
ácido clorogênico e isoclorogênico,
protocatequilcalerianina, ácido caféico e cafeoilcalerianina.
Fenilpironas: italidipirona e 23-metil-6-0-desmetil auricepirona A parte aérea contém sesquiterpenos,
derivados da fenilpirona e morina. A
raiz contém compostos acetilênicos. Encerra ainda luteolina, ésteres de
coleriantina, monoterpenos, canfeno, mirceno, a-terpineno, borneol,
a-himachaleno. As sumidades floridas dessecadas têm 0,7 a 0,84% de óleo
essencial.
Fitoterapia
É
muito utilizada em medicina popular como digestiva, eupéptica, excitante,
diaforética, mucilaginosa, estomacal, antiespasmódica, febrífuga,
anti-helmíntica, expectorante, antiinfecciosa, béquica, antitumoral,
antigripal, hipertensão, sedante, antiálgica, antiflogística, antidiabética,
antiinflamatória, calmante, aperiente, antidiarréica(raiz), adstringente, azia,
aftas, estomatites, ferimentos, angústia, desânimo, enjôos, cefalagias,
imunoestimulante, antiedematogênica externa e interna, anti-herpética,
disenteria, antidiarréica, anódina, antiepilética, carminativa, cólicas de
origem nervosa, inapetência, intoxicações, colagoga, amarga,
hipocolesterolêmica emenagoga, tônica e como emagrecedor. E externamente como
antiinflamatória, anti-séptica e no combate às lêndeas. Possui propriedades semelhantes
à camomila. A infusão das flores também é utilizada para combater a dor em
bebês quando os dentes estão nascendo. Na cultura dos índios Guarani, a infusão
das folhas e flores é utilizada para combater doenças intestinais, e na
Venezuela o principal uso é como remédio para a impotência.
Fitoeconomia
As
flores quando maceradas em água fria, fornecem um refresco muito apreciado. Das
flores também pode ser extraído um corante para tingimento de lãs e tecidos,
além do uso potencial na indústria alimentícia. Seu aroma é peculiar, sendo
ainda utilizada como enchimento de travesseiros, almofadas, colchões,
acolchoados, e em sachês para afastar insetos.
Injúria
Planta
daninha infestante de pastagens, beira de estradas e terrenos baldios.
Apresenta ação genotóxica e moluscicida contra Biompharlaria glabrata em concentrações de 100ppm, além de ser
mutagênica.
Comentários
Foi
incluída como planta medicinal na Farmacopéia Brasileira, primeira edição
(1926). Na língua guarani é chamada de ipoty
dju e jate’i ka’a.
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